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domingo, 20 de junho de 2010

Sobra de vagas na área de TI possibilita ascensão rápida na carreira

Anualmente são abertas 1,5 mil vagas que a quantidade de profissionais formada não consegue atender. A falta de profissionais no segmento de TI cria a possibilidade de carreiras meteóricas.

Gustavo Ávila, por exemplo, tem atrás de si uma trajetória bem-sucedida numa das quase 5 mil empresas especializadas na criação de softwares para o mercado de informática no Rio Grande do Sul.

Já no primeiro semestre de faculdade, Gustavo conseguiu estágio como testador - aquele profissional que aplica o software para saber se está de fato funcionando ou não. Um ano depois, foi efetivado na função e teve um aumento. Mais um ano e foi promovido a programador. Quando se formar no curso de Sistemas de Informática, no fim do ano, vai se especializar em análise de sistemas e terá a possibilidade concreta de gerenciar projetos de informática na mesma empresa onde começou há quatro anos. Haverá a respectiva repercussão no contracheque. Tudo isso antes de completar 25 anos de idade.

"Tem de estudar muito, isso é verdade, especialmente matemática e lógica. Mas, por outro lado, todos os meus colegas de curso, sem exceção, estão em bons empregos e não há nenhuma preocupação com o futuro. Só não trabalha quem não quer" sintetiza o estudante.

Apenas na empresa onde Gustavo atua, a DBServer, são entre seis e 10 vagas abertas permanentemente e que dificilmente são preenchidas. No segundo semestre, quando uma nova unidade do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS, o Portal Tecnopuc, estiver funcionando em um prédio de 15 andares que está em fase final de construção, serão mais 2,5 mil vagas. Para uma formação de 800 profissionais de nível superior por ano, o mercado abre 1,5 mil vagas.

O presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação - regional Rio Grande do Sul (Assespro-RS), Reges Bronzatti, diz que o apelo pelos cursos tradicionais "medicina, direito, administração" ainda é forte demais na cabeça dos jovens:

- A informática é vista como difícil e chata, feita para gênios. A evasão de cursos universitários é de 50%. Com exceção da PUCRS e da UFRGS, em todos há vagas sobrando.

Empresas buscam alunos antes de terminarem curso

Se engana quem pensa que Gustavo ou seus colegas de empresa, a maioria entre 20 anos e 30 anos, fazem o tipo clássico do nerd - aquele sujeito com óculos fundo de garrafa, que abotoa a camisa até a última casa e tem como principal diversão uma partidinha de xadrez, de preferência com o computador. Tanto o estudante quanto a sua colega de trabalho, Ana Scheffel, 23 anos, são jovens que trabalham, estudam e se divertem na mesma proporção. Ana, que é coordenadora da área de suporte e infraestrutura, não escolheu a informática só pelas boas e abundantes ofertas de trabalho, mas por vocação mesmo. Descoberta, por sinal, numa escola pública.

Ana se encantou pela informática no Colégio Estadual Dom João Becker, uma das três em toda a rede pública do Estado que mantém cursos na área de TI para alunos que já terminaram o Ensino Médio e pretendem desenvolver uma habilidade profissional. Durante três semestres, os estudantes podem se aperfeiçoar no desenvolvimento de softwares ou em sistemas de informática e, dali, buscar uma colocação profissional ou ingressar em uma universidade.

- As empresas vêm aqui buscar nossos alunos antes de terminarem os cursos. Também enviam e-mails, pedem currículos, é uma procura muito grande porque o ensino tem qualidade - sustenta a vice-diretora da escola, Tiana Gomes.

Mesmo assim, os problemas se acumulam. O maior deles é combater a evasão escolar, que beira os 50% - seja pelas dificuldades econômicas dos alunos, seja pela falta de informação sobre o curso. As duas turmas, que geralmente começam com 40 alunos, nunca chegam ao fim com mais de 25.

Tiana conta que muitos estudantes querem apenas aprender a digitar nas aulas do Dom João Becker ou, então, a consertar computadores para abrir uma oficina no bairro. No Colégio Estadual Protásio Alves, as dificuldades são parecidas. Dos 200 alunos matriculados nas primeiras turmas, em 2007, 40 se formaram.

Em junho, a diretora Sônia Tessaro Boyle ainda precisa preencher 60 horas de aula com professores que o Estado não tem. A Secretaria Estadual de Educação (SEC) diz que não cabe à pasta propor ou indicar a abertura de novos cursos profissionalizantes nas escolas estaduais porque o órgão não conhece as realidades locais e nem as demandas por profissionais em cada região. Segundo a assessora técnica da Superintendência de Ensino Profissionalizante da SEC, Simara Casagrande, a responsabilidade sobre a criação e manutenção dos programas é das escolas.

- Elas é que têm de trazer a demanda de suas comunidades e pedir a criação do curso. E precisam envolver as prefeituras, os empresários, as pessoas interessadas porque o Estado não tem dinheiro para investir - avisa a assessora.

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